Vida e época de Michael K: um relato da precariedade humana

Autores

  • Sandra Venancio Kezen Buchaul

Palavras-chave:

Auto-exílio, Exclusão, Vozes silenciadas, Precariedade, Solidão

Resumo

A busca desenfreada e incessante pela fazenda onde sua mãe nascera e o sonho de um pedaço de terra para plantar e colher, que fosse só seu, levam Michael K numa migração e num auto-exílio por uma África desumana e cruel, pós-apartheid, em que a instabilidade, a exclusão e a miséria parecem reinar. Negro, pobre, lerdo da cabeça e rejeitado por uma deformidade física que afasta as pessoas desde sua infância, ele é o próprio refugo humano, que representa as vidas desperdiçadas, as vozes silenciadas, os indesejados e solitários que a sociedade deseja apagar. Sua dificuldade de comunicação é na verdade o resultado do exercício de silenciamento a que ele foi forçado desde o nascimento. Embora sofrendo processos de desterritorialização, de desidentificação e de animalização, ele não abandona o sonho inicial. A precariedade de sua linguagem reflete a precariedade de sua própria vida, uma luta sem fim e contra a qual a única coisa que o defende parece ser a sua capacidade de viver à margem, invisível como o desejam.

Biografia do Autor

  • Sandra Venancio Kezen Buchaul
    Mestre em Cognição e Linguagem pela UENF. Doutoranda em Literatura Comparada pela UFF. Instituição de origem: IFF

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Publicado

27-02-2012