Os determinantes sociais da saúde e o projeto Família Saudável: possibilidades e limites

Autores

  • Vera Lucia Marques da Silva Faculdade de Medicina de Campos (FMC)

DOI:

https://doi.org/10.5935/1809-2667.20110014

Palavras-chave:

Determinação social da saúde, Projeto Família Saudável, Intersetorialidade, Participação social, Estratégia saúde da família

Resumo

Este artigo se propõe a apresentar alguns dos modelos teóricos dos determinantes do processo saúde-doença, com ênfase no da proposta de Dahlgren & Whitehead (1991) que enfatiza a intersetorialidade e a participação social como fundamentais para o êxito de uma política social de saúde. Ao mesmo tempo, este artigo realiza uma análise das possibilidades e dos limites do Projeto Família Saudável - uma iniciativa da Faculdade de Medicina de Campos - como uma estratégia possível de intervenção sobre os determinantes sociais da saúde. Embora seja abordado como um estudo de caso, as reflexões apresentadas possuem um cunho de universalização possível para outros projetos de atenção básica de saúde que, como o Projeto Família Saudável, são norteados pela Estratégia Saúde da Família (ESF). A ESF é uma política pública de saúde do Governo Federal. Segundo dados do Governo Federal, até o ano de 2007 havia um total de 27.324 equipes de Saúde da Família implantadas em 5.125 municípios, cobrindo 46,6% da população brasileira, o que correspondia a cerca de 87,7 milhões de pessoas (Ministério da Saúde, 2009). Estes dados demonstram a relevância desta Estratégia como uma política pública. A reflexão aqui apresentada também se impõe devido a o município de Campos dos Goytacazes ser um dos poucos que não tem, em sua política de saúde pública, a Estratégia Saúde da Família e estar em vias de nova implementação, como publicizado pelo governo municipal. Cabe considerar, também, que a apresentação dos diversos modelos explicativos poderá contribuir para o entendimento do arcabouço teórico dos determinantes do processo saúde-doença que norteia a relação das propostas das intervenções em saúde e as políticas de saúde que as amparam.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Vera Lucia Marques da Silva, Faculdade de Medicina de Campos (FMC)
    Pós-Doutorado em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (UERJ). Professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Sociais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e Professora da Faculdade de Medicina de Campos (FMC).

Referências

BIRMAN, J. A physis da saúde coletiva. PHYSIS – Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro: UERJ/IMS, v. 1, n. 1, p. 07-11, , 1991.

BONET, O. Saber e sentir. Uma etnografia da aprendizagem da biomedicina. PHYSIS – Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro: UERJ/IMS, v. 9, n. 1, p. 123-150, 1999.

BRASIL. Ministério da Saúde. As Cartas da Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php>. Acesso em 22 jun. 2009.

BREIHL, L.; GRANDA, E. Saúde na sociedade: Guia pedagógico sobre um novo enfoque do método epidemiológico. São Paulo: Instituto de Saúde/ABRASCO, 1986.

BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva, v.5, p. 163-177, 2000.

CAMARGO JR, K. R. Biomedicina, Saber & Ciência. São Paulo: Editora Hucitec, 2003b. 195p.

CAMARGO JR, K. R. The political economy of the production and diffusion of biomedical knowledge. Mimeo, 2007a.

CAMARGO JR, K. R. A razão inconstante: ciência, saber e legitimação social. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; SATO, Leny (Org.). Diálogos em psicologia social. Porto Alegre: ABRAPSO-Evangraf, 2007b. p. 17-34.

JUNQUEIRA, L. A. P.; INOJOSA, R. M. Desenvolvimento Social e Intersetorialidade: a Cidade Solidária. São Paulo: FUNDAP, 1997. (Mimeo).

LALONDE, M. A new perspective on the health of Canadians,. In: OPAS. Promoción de la Salud: Una Antología. OPAS: Washington, 1996. p. 3-5. (Publ. Cient., 557).

CARVALHO, A. I.; BUSS, P. M. Os Determinantes Sociais na Saúde, na Doença e na Intervenção. In: GIOVANELLA, L. et al. (Org.) Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008.

CLAVREUL, J. A ordem médica. São Paulo: Brasiliense, 1983.

DAHLGREN, G.; WHITEHEAD, M. Policies and Strategies to Promote Social equity in Health. Stockholm: institute of Future Studies, 1991.

FLECK, Ludwik. Genesis and development of a scientific fact. Chicago: University of Chicago Press, 1979. 203p.

FOUCAULT, Michel. O Nascimento da Clínica. Tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LEAVELL, H.; CLARK, E. G. Medicina Preventiva. São Paulo: McGraw-Hill, 1976.

LEWONTIN, Richard. A tripla hélice: gene, organismo e ambiente. Tradução José Viegas; revisor técnico Charbel Niño El-Hani. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 138p.

LOBATO, L. V. C.; GIOVANELLA, L. Sistemas de Saúde: origens, componentes e dinâmica. In: GIOVANELLA, L. et al. (Org.) Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2008.

LÖWY, I. Fleck e a Historiografia Recente da Pesquisa Biomédica. In: PORTOCARRERO, V. (Org.). Filosofia, história e sociologia das ciências: abordagens contemporâneas. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994. p. 233-249.

McKEOWN, T.; LOWE, C. R. Introducción a la Medicina Social. 4a ed. México: Siglo XXI, 1989.

MENDES, E. V. Distrito Sanitário: o processo social da mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde. 4. ed. São Paulo: HUCITEC; Rio de Janeiro: ABRASCO, 1999.

ROSEN, G. Uma História da Saúde Pública. São Paulo: UNESP; Rio de Janeiro: Hucitec : Abrasco, 1994.

SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência, para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO : Ministério da Saúde, 2002.

TESSER, C. D. (Org.) Medicalização Social e atenção à saúde no SUS. São Paulo: Hucitec, 2010.

WEBER, Max. A objetividade do conhecimento nas ciências sociais. In: COHN, Gabriel (org.). Max Weber: sociologia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003.

Downloads

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Os determinantes sociais da saúde e o projeto Família Saudável: possibilidades e limites. Revista Vértices, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 61–78, 2011. DOI: 10.5935/1809-2667.20110014. Disponível em: https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/1809-2667.20110014.. Acesso em: 18 abr. 2024.