Nossos professores estão adoecendo: Uma análise do adoecimento docente em uma cidade do interior do Estado do RJ

Autores

  • Thalles Azevedo Ladeira

Resumo

O presente trabalho, resultado de uma dissertação de mestrado finalizada em agosto de 2020, consiste em tornar evidente o fenômeno do adoecimento de professores em Santo Antônio de Pádua/RJ, interior do Estado do RJ. O objetivo do trabalho é investigar os processos de adoecimento que acometem os professores da educação básica estadual da referida cidade, pautado na relação que é estabelecida entre os professores e o exercício de sua profissão. O trabalho foi desenvolvido por meio de um extensivo levantamento bibliográfico e documental, a respeito do tema em questão e também por meio de entrevistas com 31 professores. As entrevistas foram implementadas por meio de um questionário eletrônico. O método de análise dos dados se deu por meio da análise de conteúdos de Bardin, no qual foi possível comtemplar os dados a partir de uma perspectiva quantitativa e qualitativa. Os resultados obtidos com a pesquisa nos expôs uma realidade na qual 42% dos professores entrevistados afirmaram considerar sua carga de trabalho pesada e suscetível ao adoecimento. Além disso, 81% (25 de 31), responderam que já ficaram doentes em função das condições de trabalho. E nesse aspecto, 32 % já fez ou faz uso de algum psicofármaco para trabalhar. Chama-nos a atenção também o fato de que 72% dos professores entrevistados (18 de 25) terem afirmado que desenvolveram ansiedade como um problema decorrente das condições de trabalho, enquanto 48% (12 de 25) disseram sofrer distúrbios no sono, 36% (9 de 25) de crise de pânico e 28% (7 de 25 ) indicaram sofrer de depressão. O que podemos inferir com tais dados é que o processo de adoecimento é motivado por causas multifatoriais presentes na realidade do trabalhador docente, como a não equivalência entre salário recebido e trabalho realizado; o cenário da crescente violência no ambiente escolar; más condições do ambiente laboral; infraestrutura precária; uma quantidade extensa de alunos por turma; a falta de material didático necessário para o bom desenvolvimento do trabalho e, até mesmo, a competitividade dentro da categoria. Todos esses fatores, dentre muitos outros, são grandes motivadores do adoecimento docente. Nesse sentido, é possível considerar, de modo geral, que, para transformar essa realidade, uma alternativa possível é a luta coletiva, que se destaca enquanto uma alternativa, que historicamente vem se apresentando enquanto uma ferramenta de transformação social.

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Publicado

23-06-2021

Edição

Seção

Banner - Educação e Ciências Sociais