ESTIGMATIZAÇÃO, DIREITOS HUMANOS E VIOLÊNCIAS NA CIDADE DE CAMPOS DE GOYTACAZES: O CASO DOS TRAVESTIS

Autores

  • Fagno Pereira da Silva
  • Jussara Freire

Palavras-chave:

Estigma, travestis, sexualidade

Resumo

Este trabalho tem como objetivo apresentar primeiras considerações decorrentes da etnografia em andamento acerca das representações sociais sobre a prostituição travesti em Campos dos Goytacazes. Analisarei o processo de formação da identidade social dos coletivos travestis a partir da obra de Goffman e, em particular, do conceito de estigma. Diante da vivência destas estigmatizações, interpretarei alguns recursos cognitivos mobilizados pelos travestis para lidar com estas experiências. Até então, venho realizando uma pesquisa bibliográfica focalizando quatro temas (os travestis, as violências cometidas contra travestis, a identidade sexual e violência urbana). Para apreender a pluralidade de representações sobre estes coletivos, estou iniciando uma etnografia das situações e territórios da cidade em que se encontram os travestis. Retomo a proposta de Geertz, que associa a etnografia a uma descrição densa (Geertz, 1989) para apreender a “multiplicidade de estruturas conceptuais complexas, muitas delas sobrepostas ou amarradas umas às outras, que são simultaneamente estranhas, irregulares e inexplícitas” (Geertz, 1989: 20). A etnografia vem sendo realizada no centro antigo desta cidade (o quadrante da Rua Vinte e Um de Abril e a Rua Tenente Coronel Cardoso). Nesta fase inicial, proponho, portanto, apresentar as observações exploratórias que realizei dos pontos de vistas nativos neste território (Geertz, 2007: 86). Desta forma, por se tratar de um trabalho etnográfico e para evitar sufocar o campo no estágio atual desta pesquisa, emitir hipóteses e conclusões sobre este território, tornase tarefa árdua. No entanto, tratarei de descrever significados que estes atores dão à sua sexualidade, ao território onde atuam (incluindo os contatos e relações com os outros usuários deste lugar), às suas vivências (analisando em específico, as formas detematizar às ameaças e preconceitos dos quais são vítimas). Esta descrição permitirá interpretar parte de um processo de estigmatização da prostituição travesti.BIBLIOGRAFIAGEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.GEERTZ, Cliford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. 9. ed. Petrópolis. RJ: Vozes, 2007.GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.