RECUPERAÇÃO CLÍNICA ESPONTÂNEA DE UM CASO DE RAIVA EM MORCEGO HEMATÓFAGO (Desmodus rotundus) INOCULADO EXPERIMENTALMENTE

Autores

  • Leonardo de Barros Peres Souza
  • Luiz Fernando Pereira Vieira
  • Sílvia Regina Ferreira Gonçalves Pereira

Palavras-chave:

Desmodus rotundus, Lyssavirus, Raiva

Resumo

O agente etiológico da raiva é um vírus envelopado com genoma RNA de fita simples negativa. O morcego hematófago Desmodus rotundus é o principal transmissor da raiva aos animais de produção no Brasil. O principal quadro clínico da raiva constitui-se em transtornos neuromusculares e a doença tem um curso progressivo que leva à morte 100% dos animais acometidos. O objetivo do presente trabalho foi relatar um caso de recuperação clínica espontânea de raiva, em um morcego inoculado por via intracerebral (IC). Quatro D. rotundus, foram capturados no município de Quissamã/RJ. Tais morcegos hematófagos foram identificados e mantidos em cativeiro (Morcegário – Setor de Virologia e Viroses/UENF), onde foram alimentados uma vez ao dia com 20 mL de sangue bovino. Foram inoculados por via IC, com o vírus da raiva variante 3, na dose de 103,7 MICDL50. Oito dias pós-inoculação (dpi), dois morcegos identificados como 01 e 04 começaram a apresentar sinais clínicos. O morcego 04 morreu três dias após a detecção das alterações. O morcego 03 apresentou sinais clínicos 13 dpi e morreu no dia seguinte. O morcego 02, não apresentou qualquer alteração clínica e permaneceu vivo. Os sinais clínicos apresentados pelos morcegos foram: anorexia, comportamento anormal, letargia, paresia, incoordenação motora dos membros posteriores, incapacidade de se limparem e fraqueza. O morcego 01, no primeiro dia de sinal clínico estava fora de seu abrigo diurno, apresentava incoordenação e fraqueza dos membros posteriores. No dia seguinte, este morcego conseguiu retornar ao abrigo, mas estava sujo e aparentava grande debilidade. Esta condição permaneceu por uma semana, depois o morcego conseguiu realizar seu asseio corporal e recuperou a vivacidade. São relatados casos em que morcegos inoculados com o vírus apresentaram um período de incubação muito grande. No entanto, casos de recuperação após o surgimento dos sinais clínicos não são relatados. Possivelmente, o morcego 01 respondeu imunologicamente ao vírus, mesmo após a infecção do cérebro. A fim de confirmar se o vírus ainda permaneceu no cérebro e glândula salivar do animal, o isolamento viral e a imunofluorescência direta serão realizados.