ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO DO DISCURSO DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE CONCEIÇÃO DO IMBÉ (CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ): PRESERVAÇÕES E MUDANÇAS

Autores

  • Graziela Escocard Ribeiro
  • Priscila Neve da Silva
  • Vania Cristina Alexandrino Bernardo

Palavras-chave:

Falares, Dialetos, Cultura

Resumo

O projeto visa a investigações sociolingüísticas, cujo objetivo são os falares campistas e os dialetos afro-brasileiros, mesclados no estrato social eleito, o Quilombo de Conceição do Imbé. Os aspectos sociais foram levados em consideração no processo investigativo do modus vivendi da comunidade. Esta pesquisa vem ao encontro de propostas de inclusão social do Governo Federal, haja vista as ações da SEPPIR – Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.A pesquisa foi desenvolvida pelo Núcleo de Estudos Culturais Estéticos e de Linguagens (NECEL) do IF Fluminense. A metodologia básica utilizada foi a entrevista sociolinguística com coleta de narrativas de experiência pessoal. Assim, alternaram-se alguns tipos de entrevista producente para este fim: i. a História de Vida (HV), completa e tópica provocando narrativas pessoais e a elicitação de formas linguísticas variadas; ii. a aberta; iii. a semiestruturada; iv. a estruturada. Com esta última, objetivou-se um maior controle dos tópicos para obtenção de respostas mais homogeneizadas para fins comparativos.Na enunciação das narrativas orais produzidas pela população quilombola em estudo e nas entrevistas orais e por escrito, configuraram-se duas variações mais presentes: a diastrática (62,22%) e a diatópica (27,78%). A primeira, que pôde ser constatada entre os informantes os quais possuíam um grau de escolaridade aquém da 2ª série do Ensino Fundamental, apresentou fenômenos como a presença do /s/ somente em uma palavra num dado sintagma nominal e a silepse de número (“a gente” = sujeito acompanhado do verbo na 1pp). A segunda caracterizou-se pelo rotacismo (/l/ ?/r/) e pelo uso do gerúndio sem o /d/. A variação diacrônica, relacionada a história da línguas apresentou (10,00%).Embora a comunidade em estudo seja de afro-descendentes, a partir da elicitação do léxico analisado, constataram-se variantes diastráticas e diatópicas semelhantes àquelas do interior do Município, devido à proximidade geográfica e ao constante intercâmbio sociocultural entre tais populações.