CURSO TEMPORAL DA QUEBRA DA BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA NO MODELO DE ISQUEMIA CEREBRAL FOCAL POR TERMOCOAGULAÇÃO

Autores

  • Fralini dos Santos Marcilio
  • Arthur Giraldi-Guimarães

Palavras-chave:

Córtex cerebral, Azul de Evans, Fluorescência

Resumo

A barreira hematoencefálica (BHE) impede a entrada de muitos fármacos e de células imunes no parênquima encefálico. Ela se rompe de forma transitória após lesões, e o curso temporal dessa abertura têm sido descrito na literatura. Porém, carece-se de descrições em modelos de isquemia exclusivamente no córtex cerebral. O presente estudo descreve o curso temporal da abertura da BHE no modelo de isquemia cerebral focal por termocoagulação em vasos corticais superficiais. Sob anestesia, ratos machos Wistar albino (2-4 meses) sofreram uma craniotomia, expondo-se os vasos sanguíneos superficiais dos córtices motor e somestésico primários. O sangue foi coagulado por calor. Cada animal foi eutanasiado 30 min, 4h, 12h, 24h, 48h, 72h ou 7 dias após a isquemia (n=2 para tempo). Uma solução de Azul de Evans (AE) a 4% (2 ml/kg) foi injetada pela veia jugular 30 min antes da eutanásia. Após esta, foi realizada a perfusão intracardíaca de 300 ml de sacarose 10% em salina. O encéfalo de cada animal foi dissecado, congelado em nitrogênio líquido e cortado a 60 µm em criostato. Os cortes foram analisados em microscopia de fluorescência, sendo a intensidade quantificada. Como o AE não atravessa a BHE, o nível de quebra da BHE é inferido pelo nível de extravasamento do AV no parênquima encefálico. O corante foi observado no interior e em toda a periferia da lesão. Em 72h e em 7 dias, a extensão do corante foi restrita à borda e ao interior da lesão. O nível máximo de intensidade do AE na periferia da lesão foi observado na sobrevida de 30 min, sugerindo que o início da quebra da BHE neste modelo é muito rápido. Nos tempo subsequentes observou-se uma queda na intensidade do AE, sendo isto mais evidente a partir de 24h. Em 7 dias a intensidade foi quase igual ao “background”, sugerindo que neste tempo de sobrevida a BHE já está quase restabelecida. Os resultados mostram que, num modelo de isquemia cortical, o curso temporal da abertura da BHE difere daquele descrito para o modelo de isquemia pela oclusão da artéria cerebral média (OACM). Portanto, diferentes protocolos de isquemia levam a diferentes padrões de quebra da BHE.

Publicado

02-05-2013