ETNOECOLOGIA DE PEQUENOS CETÁCEOS ATRAVÉS DA PERCEPÇÃO DE PESCADORES ARTESANAIS DO NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL

Autores

  • Gabielle Amorim Rosa
  • Camila Ventura Da Silva
  • Camilah Antunes Zappes
  • Ana Paula Madeira Di Beneditto

Palavras-chave:

Delphinidae, Comportamento de cetáceos, Pesca artesanal

Resumo

A Etnoecologia estuda o conhecimento dos grupos humanos em relação ao ecossistema, permitindo a integração entre o saber acadêmico e o saber social (Campos, 2001). Assim, o objetivo deste estudo é descrever o conhecimento tradicional dos pescadores artesanais em relação às espécies de pequenos cetáceos em Atafona, norte do Estado do Rio de Janeiro. Com isto é possível propor estratégias que envolvam a participação da comunidade local no manejo das espécies identificadas por ela.No período de fevereiro e março foram feitas 20 entrevistas com pescadores através de um questionário-padrão contendo questões abertas e fechadas sobre a ecologia e biologia das espécies de pequenos cetáceos. Os métodos para a escolha dos entrevistados foram: 1) a seleção do primeiro feita com o auxílio do presidente da Colônia de Pescadores, que geralmente é quem melhor conhece os demais; 2) método bola-de-neve, um potencial entrevistado é indicado pelos membros que já responderam ao questionário. Os critérios de identificação das espécies foram coloração, tamanho corporal, área de ocorrência e comportamento, comparando com os dados de literatura.Cada entrevistado descreveu mais de um animal (N=45) e identificaram: Tursiops truncatus (N=12; 27%); Sotalia guianensis (N=11; 24%); Pontoporia blainvillei (N=10; 22%) e Stenella sp. (N=5; 11%). Para T. truncatus, o comportamento frente à embarcação mais relatado (N=21) foi na categoria ‘acompanhar o barco’ (N=9; 43%). O comportamento frente aos artefatos foi mais citado para S. guianensis (N=19) e P. blainvillei (N=19) nas categorias ‘embolar na rede’ (N=6; 33%) e ‘fugir da rede’ (N=5; 28%) respectivamente. Para Stenella sp. os mais citados: comportamentos frente aos artefatos, sendo iguais o número de relatos para: ‘embolar na rede’ (N=2; 25%) e ‘fugir da rede’ (N=2; 25%).O fato dos pescadores trabalharem próximos à costa permite maior contato com as espécies, em que os comportamentos mais observados estão intimamente relacionados à pesca artesanal. Esta aproximação com a comunidade de pescadores pode auxiliar no monitoramento de atividades relacionadas aos cetáceos.

Publicado

02-04-2012