Mulas e Mulheres no Brasil: uma questão de gênero, justiça e interseccionalidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19180/1809-2667.v22nEspecial2020p871-888

Palavras-chave:

Mulheres, Justiça, Mercado de Drogas, Mulas, Interseccionalidade

Resumo

Mulas e mulheres na história do Brasil: uma questão de gênero, justiça e interseccionalidade têm por objetivo mostrar como a associação da mulher que atua como mula no mercado de drogas não é uma questão do acaso. Resultado de uma pesquisa bibliográfica com teses e dissertações produzidas na última década (2006-2016) sobre mulheres presas pelo crime de tráfico de drogas nas cinco regiões do país, obteve-se, enquanto um dos resultados, o aprisionamento de grande parte dessas mulheres como trabalhadoras do mercado informal e ilícito de drogas na condição laboral de mulas. Destaca-se a relação intrínseca entre modo de produção capitalista e sistema de justiça, em que esse último não só assegura o direito privado à propriedade, bem como cria mecanismos seletivos e criminalizatórios dirigidos aos segmentos mais pobres e destituídos de direitos na sociedade, esse também composto por mulheres. Tudo isso tem sido determinante para a manutenção do caráter seletivo do sistema de justiça e penal no Brasil, cujos fundamentos filosóficos manifestam-se numa ação permanente, determinando o aprisionamento de pessoas a partir de sua condição de classe, raça, gênero e perpetrada violação do direito à cidadania.

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Biografia do Autor

  • Joana das Flores Duarte, Universidade Federal de São Paulo Campus Baixada Santista, Santos/SP
    Doutora (2016-2019) pelo Programa de Pós-graduação em Serviço Social da PUC/RS. Professora do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de São Paulo Campus Baixada Santista – Santos/SP – Brasil. E-mail: joana.fduarte@yahoo.com.br.

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Publicado

31-12-2020

Edição

Seção

Dossiê Temático: "Violência de Estado e política social"

Como Citar

Mulas e Mulheres no Brasil: uma questão de gênero, justiça e interseccionalidade. Revista Vértices, [S. l.], v. 22, n. Especial, p. 871–888, 2020. DOI: 10.19180/1809-2667.v22nEspecial2020p871-888. Disponível em: https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/15821.. Acesso em: 29 mar. 2024.