A apropriação dos territórios quotidianos pelos grafitos. Do risco social à multiterritorialidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19180/1809-2667.v23n12021p45-68

Palavras-chave:

Riscos Sociais, Fricções Sociais, Grafito, Multiterritorialidade

Resumo

Os Riscos Sociais, entendidos como uma das áreas de estudo dos Riscos Antrópicos, encerram em si uma variedade e complexidade fenomenológica, que abarcam desde o trabalho, à vida familiar, às relações sociais, entre outras. As ciências cindínicas antrópicas deparam-se com novos desafios gerado pelo quotidiano, sendo necessária a análise dos territórios numa perspetiva multiescalar. Além disso, é necessário ter em conta a dinâmica das comunidades, no que concerne à forma de estar, de interpretar e de atuar, o que pode levar ao desenvolvimento de tensões e fricções sociais. Neste trabalho, pretende-se discutir os riscos sociais a partir de uma visão multiterritorial, a partir da questão ao atrito social ligada à grafitagem, partindo do estudo de caso da Universidade de Coimbra como património classificado da UNESCO – World Heritage Areas. O número de turistas e de visitantes aumentou de forma impressionante, tendo transformado a dinâmica da própria cidade e da área protegida, nomeadamente através da reabilitação e preservação do edificado. Todavia, e apesar desse cuidado, a zona da universidade e da alta têm sido alvo de intensas grafitagens, o que levanta problemas de ordem epistemológica, cívica e institucional.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Fátima Velez de Castro, Universidade de Coimbra (UC), Coimbra
    Doutora em Geografia. Professora Auxiliar e Diretora do Mestrado em Ensino da Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário (3CEBES), no Departamento de Geografia e Turismo da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC) – Coimbra – Portugal. E-mail: velezcastro@fl.uc.pt.

Referências

ANDERSEN, J. Understand Cultural Geography: Places and Traces. Nova Iorque: Routledge, 2009.

ANDRÉ, J. M. Multiculturalidade, identidades e mestiçagem: O diálogo intercultural nas ideias, na política, nas artes e na religião. Coimbra: Palimage, 2012.

BECK, U. Sociedade de risco mundial: Em busca da segurança perdida. Lisboa: Edições 70, 2015.

CAETANO, F. D. Reflexões teóricas sobre a inserção do grafitti e da pichação na paisagem urbana: uma arte contra-racional? GEOgraficidade, Rio de Janeiro, n. 7-1, p. 77-88, 2017.

CAMPOS, R. Liberta o herói que há em ti. Risco, mérito e transcendência no universo graffiti. Tempo Social, Revista de sociologia da USP, São Paulo, v. 25, n. 2, pp.205-225, 2013.

CASTRO, A. C. C.; GAMBA JUNIOR, N. G. Grafite e resignificação: a linha tênue entre o vandalismo e a arte de rua. Projética, Londrina, v. 9, n. 2 supl., p. 299-318, 2018.

CLIFFORD, N. J. et al. Key Concepts in Geography. Londres: Sage, 2009.

FERNANDES, J. A. R.; TRIGAL, L. L.; SPOSITO, E. S. Geografia Aplicada: Terminologia da análise, do planeamento e da gestão do território. Porto: Porto Editora, 2016.

FORT, M. C.; GOHL, F. C. Conflitos urbanos: grafite e pichação em confronto devido à legislação repressiva. Logos 45, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, p. 16-36, 2016.

FREIXO, M. J. Metodologia Científica: Fundamentos, Métodos e Técnicas. Lisboa: Instituto Piaget, 2009. (Coleção Epistemologia e Sociedade).

HAESBAERT, R. O Mito da Desterritorialização: Do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

KERVERN, G. Y. Elementos fundamentais das ciências cindínicas: Compreender e prever os acidentes, perigos e catástrofes. Lisboa: Instituto Piaget, 1995. (Coleção Epistemologia e Sociedade).

LESSARD-HÉBERT, M.; GOYETTE, G.; BOUTIN, G. Investigação Qualitativa: Fundamentos e Práticas. Lisboa: Instituto Piaget, 2005. (Coleção Epistemologia e Sociedade).

LOURENÇO, L. Risco, perigo e crise: pragmatismo e contextualização. In: SIQUEIRA, A. et al. (org.), Riscos de desastres relacionados à água. São Paulo: RIMA, 2015. p. 2-43.

LOURENÇO, L.; AMARO, A. (coord.). Riscos e Crises: Da teoria à plena manifestação. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019.

LOURENÇO, L.; VELEZ DE CASTRO, F. (coord.) Catástrofes Antrópicas: Uma aproximação integral. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019.

MARCO DE SENDAI. Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030. Japão: Nações Unidas, 2015.

MARTINS, N. et al. Questões de risco e vulnerabilidade do património construído: o caso da Baixa Pombalina. In: LOURENÇO, L. Geografia, Paisagem e Riscos: Livro de Homenagem ao Professor Doutor António Pedrosa. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2016. p. 304-335.

MENDES, J. M. Sociologia do Risco: Uma breve introdução e algumas lições. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015.

MITCHELL, D. Cultural Geography: An introduction. EUA: Blackwell Publishing, 2007.

MOREIRA, C.; SANTOS, N.; SILVEIRA, L. A. O Turismo na Cidade de Coimbra após a inscrição do bem Universidade de Coimbra-Alta e Sofia na lista do património mundial da UNESCO. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE TURISMO E HISTÓRIA, 3., 2019. Anais […] 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/339181042_O_TURISMO_NA_CIDADE_DE_COIMBRA_APOS_A_INSCRICAO_DO_BEM_UNIVERSIDADE_DE_COIMBRA_-_ALTA_E_SOFIA_NA_LISTA_DO_PATRIMONIO_MUNDIAL_DA_HUMANIDADE_UNESCO. Acesso em: 7 set. 2020.

MOREIRA, T. A expressividade na estética do graffiti. In: GRUPO DE ESTUDOS DOS GÊNEROS DO DISCURSO GEGe/UFSCar. (org.). Caderno de Textos e Anotações. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010. p. 321-322.

MOREIRA, T. As novas reelaborações da arte de grafitar. Cescontexto, Coimbra, v. 15, p. 62-69, 2016.

MONDARDO, M. L.; GOETTERT, J. D. Territórios simbólicos e de resistência na cidade: grafias da pichação e do grafiti. Terr@Plural, Ponta Grossa, v. 2, n. 2, p. 293-308, 2008.

OLIVEIRA, D. A.; TARTAGLIA, L. Ensaio sobre uma geo-grafia dos graffitis. GEOgraphia, Niterói, v.11, n. 2, p. 59-88, 2009.

PORDATA. Pordata-Base de dados de Portugal contemporâneo. 2020. Disponível em: https://www.pordata.pt/. Acesso em: 10 nov. 2020.

QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. Manual de Investigação em Ciências Sociais. 5. ed. Lisboa: Gradiva, 2008. (Coleção Trajectos).

REGINENSI, C. A cidade como cenário de oportunidades: Etnografia das margens. Curitiba: Appris Editora, 2019.

ROCHA, M. Marketing e Comunicação numa atração de turismo cultural: Um plano de Marketing para o Turismo da Universidade de Coimbra. 2019. Relatório (Estágio em Marketing e Comunicação) - Instituto Politécnico de Coimbra, 2019. Disponível em: https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/31371/1/Relat%C3%B3rio%20de%20Est%C3%A1gio_Miriam%20Rocha.pdf. Acesso em: 7 set. 2020.

ROSE, G. Visual Methodologies: An introduction to researching with visual materials. 3. ed. Londres: Sage, 2012.

SHISHITO, A. A. A nova geografia cultural de Cosgrove e o grafite como proposta de entendimento da paisagem. Revista Geografia e Pesquisa, Ourinhos/SP, v. 11, n. 2, p. 16-24, 2017.

SHURMER-SMITH, P. Doing Cultural Geography. Londres: Sage, 2002.

SILVA, E. S.; MELO, J. A. Ensino de geografia, violência urbana e sua relação com a pichação e a grafitagem no espaço escolar. Geosaberes, Fortaleza, v. 9, n. 19, pp.1-11, 2018.

SOLOVOVA, O.; MATOS, A.R.; NOLASCO, C. E se as paredes falassem? Análise discursiva de inscrições no espaço público urbano de Coimbra. Cescontexto, Coimbra, v. 15, p. 43-61, 2016.

STAKE, R. E. A arte da investigação com estudos de caso. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2016.

STURKEN, M.; CARTWRIGHT, L. Practises of looking: An introduction to visual culture. Reino Unido: Oxford University Press, 2002.

TARTAGLIA, L. O visível e o invisível: paisagem urbana e arte pública. Élisée, Revista de Geografia da UEG, Porangatu, v. 4, n. 1, pp.126-139, 2015.

UNIVERSIDADE DE COIMBRA. UC em números. 2020. Disponível em: https://www.uc.pt/dados/numeros Acesso em: 10 nov. 2020.

VELEZ DE CASTRO, F.; FERNANDES, J. L. Territórios quotidianos, riscos sociais e vulnerabilidade da população – análise preliminar do conceito de urbicídio. In: LOURENÇO, L; VELEZ DE CASTRO, F. Catástrofes Antrópicas: Uma aproximação integral. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2019. pp.411-431.

VELEZ DE CASTRO, F.; NOSSA, P. Riscos Sociais: percursos de inclusão entre Loures e Oeiras: Livro-Guia da Visita Técnica nº 1, V Congresso Internacional de Riscos. Coimbra, Portugal: RISCOS, Associação Portuguesa de Riscos, Proteção e Segurança, 2020. Disponível em: https://www.riscos.pt/wp-content/uploads/2018/Outras_Pub/guias/eBook_LG_Riscos-Sociais_PT.pdf. Acesso em: 2020.

Publicado

30-04-2021

Edição

Seção

Dossiê Temático: "Riscos e Desastres Socioambientais"

Como Citar

A apropriação dos territórios quotidianos pelos grafitos. Do risco social à multiterritorialidade. Revista Vértices, [S. l.], v. 23, n. 1, p. 45–68, 2021. DOI: 10.19180/1809-2667.v23n12021p45-68. Disponível em: https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/15874.. Acesso em: 25 abr. 2024.