Ainda sobrou o leite nas memórias do meu coração
Resumo
Este artigo aborda a importância da memória afetiva reconstruída na narrativa ficcional de Chico Buarque de Hollanda. Por meio do narrador-protagonista – Eulálio d’Assumpção –, de Leite Derramado, serão feitas considerações sobre a estrutura especular, elemento sempre presente, nas narrativas buarquianas. Demonstraremos que no resgate de uma dupla biografia – Eulálio e Matilde – o narrador projeta na tessitura da escrita os sintomas do ressentimento (incapacidade de bem viver no presente) e os vestígios deixados pela imagem da dor: imagem-marca. Salientaremos que esta obra literária apresenta, implicitamente, na trama da narrativa, uma fundamentação ontológica do ser: a errância. Por isso, elegemos o âmbito da consciência hermenêutica para mostrarmos, receptivamente, a alteridade do texto.Downloads
Referências
BALLY, Charles. El Lenguaje La Vida. Buenos Aires: Losada, 1972.
BARROS FILHO, Clóvis de. Comunicação do eu: ética e solidão. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução de Mauro Gama e Cláudia Martinelli Gama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
BEAINI, Thaís Curi. À escuta do silêncio: um estudo sobre a linguagem no pensamento de Heidegger. São Paulo: Cortez, 1981.
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BENJAMIN, Walter. Sobre alguns temas em Baudelaire. In: ______. Charles Baudelaire: um lírico no auge do capitalismo. Tradução de José Martins Barbosa e Hemerson Alves Baptista. São Paulo: Brasiliense, 1989.
BORNHEIM, Gerd. Metafísica e finitude. São Paulo: Perspectiva, 2001.
BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
CASTRO, Manuel Antônio de. O acontecer poético: a história literária. Rio de Janeiro: Antares, 1982.
FÉLIX, Loiva Otero. História e memória: a problemática da pesquisa. Passo Fundo: UPF, 2004.
FERNANDES, José. O Poeta da linguagem. Rio de Janeiro: Presença, 1983.
FERNANDES, Rinaldo de (Org.). Chico Buarque de Brasil: textos sobre as canções, o teatro e a ficção de um artista brasileiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
FERRAZ, Heitor. Um barão de fachada. Revista Bravo, São Paulo, n. 2, 2009.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2004.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e método. Tradução de Flávio Paulo Meurer. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
GALHOZ, Maria Aliete. Alegria breve. Lisboa: Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1982.
GIDDENS, Anthony. [et al.]. Modernização reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. Tradução de Magda Lopes. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 1997.
HEIDEGGER, Martin. Sobre a essência da verdade. Tradução de Ernildo Stein. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LEAL, Ivanhoé Albuquerque. História e ação na teoria da narratividade de Paul Ricoeur. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.
LIMA, Luiz Costa. O controle do imaginário & a afirmação do romance: Dom Quixote, As relações perigosas, Moll Flanders, Tristram Shandy. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
LUCCHESI, Ivo. Crise e escritura: uma leitura de Clarice Lispector e Vergílio Ferreira. Rio de Janeiro: Forense, 1987.
MENDES, Breno. Uma (imperfeita) mediação entre extremos: um panorama sobre as contribuições de Paul Ricoeur à teoria da história em tempo e narrativa. Disponível em: <http://www.historiaehistoria.com.br>. Acesso em: 15 fev. 2012.
MOSÉ, Viviane. Nietzsche e a grande política da linguagem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Tradução de Yara Aun Khoury. Projeto História, São Paulo: v. 10, dez. 1993.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: evolução e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Papirus, 1997. t. 3.
______. A metáfora viva. Tradução de Dion Davi Macedo. São Paulo: Loyola, 2005.
SILVA, Fernando de Barros e. Chico Buarque. São Paulo: Publifolha, 2004.
SILVA, Márcio Seligmann. (Org). História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes. São Paulo: Unicamp, 2003.
STEINER, George. Gramática da criação. Tradução de Sérgio Augusto de Andrade. São Paulo: Globo, 2003.
Os autores do manuscrito submetido à revista Vértices, representados aqui pelo autor correspondente, concordam com os seguintes termos:
Os autores mantêm os direitos autorais e concedem sem ônus financeiro à revista Vértices o direito de primeira publicação.
Simultaneamente o trabalho está licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), que permite copiar e redistribuir os trabalhos por qualquer meio ou formato, e também para, tendo como base o seu conteúdo, reutilizar, transformar ou criar, com propósitos legais, até comerciais, desde que citada a fonte.
Os autores não receberão nenhuma retribuição material pelo manuscrito e a Essentia Editora irá disponibilizá-lo on-line no modo Open Access, mediante sistema próprio ou de outros bancos de dados.
Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada na revista Vértices (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
Os autores têm permissão e são estimulados a divulgar e distribuir seu trabalho online na versão final (posprint) publicada pela revista Vértices em diferentes fontes de informação (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer tempo posterior à primeira publicação do artigo.
A Essentia Editora poderá efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com o intuito de manter o padrão culto da língua, contando com a anuência final dos autores.
As opiniões emitidas no manuscrito são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).